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Conto II: Filhos da Alquimia, algures entre o século XII ou XIII

Contexto:

Em um reino próspero, governado por um rei sábio, de sexto sentido apurado e uma rainha com dotes musicais e sede de aprendizado,  surgem boatos sobre os filhos que os reis  tratam de esconder, mas cujo destino estava escrito ao abrigo de uma antiga profecia.

Há muito tempo, uma profecia sussurrada pelos antigos alquimistas previu o nascimento de dois seres, destinados a forjar a lendária Pedra Filosofal — um artefato capaz de transformar qualquer metal em ouro e conceder a imortalidade. Essa premonição, conhecida por poucos, sugeria que esses seres nasceriam em circunstâncias extraordinárias, filhos de linhagens separadas e opostas, mas complementares.

No reino, o rei e a rainha, cientes da profecia, carregam um fardo secreto. Ambos têm filhos fora do casamento, fruto de amores proibidos: Vanmhor, é filha do rei com uma curandeira da floresta, e Andvinci, é filho da rainha com um nobre estudioso. O destino desses dois jovens está entrelaçado desde o nascimento, nas profundezas do castelo, onde cresceram e desde cedo começaram a descobrir a magnitude do seu potencial. Nascidos fora das regras e apesar de suas origens ilegítimas, ambos compartilham um vínculo inquebrável e uma sede insaciável por conhecimento.

Vanmhor e Andvinci vivem harmoniosamente ao abrigo do rei, em castelo. Onde tem acesso ás vantagens da corte e praticam alquimia, musica, artes e estudo.

Narrativa:

Os poucos, mas mais influentes que sabem da profecia a respeitam, mas também a temem, por isso Vanmhor e Andvinci nunca foram apresentados formalmente à corte, mas têm acesso a todos os privilégios da realeza. Ambos residem nos recantos ocultos do castelo, tendo acesso aos mais sigilosos lugares escondidos no reino, seus corredores esquecidos, nas câmaras ocultas, vastas e cheias de segredos, tornam-se tanto o refúgio quanto a escola dos dois. Por decreto do rei e da rainha, os dois são mantidos longe dos olhares da corte, mas podem usufruir dos privilégios da realeza em segredo, uma educação de excelência, instrumentos raros, livros proibidos, uma vasta gama de substâncias alquímicas, o melhor dos banquetes e trajes dignos da nobreza.

O rei, de vez em quando, visita Vanmhor, oferecendo-lhe orientação silenciosa e presentes que indicam seu orgulho secreto. Andvinci, por sua vez, recebe cartas da rainha, com delicadas instruções sobre como se comportar ou aprimorar suas habilidades e também uma vasta partilha musical. 

Ambos sabem das suas origens e convivem em harmonia perfeita. Suas habilidades complementam-se de maneira impressionante, enquanto Vanmhor tem uma profunda conexão com o mundo oculto, espiritual e raizes focadas na alquimia, Andvinci traz uma visão filosófica, teórica, além de seu talento musical, que amplifica os rituais e fórmulas alquímicas que realizam juntos. Eles percebem que, sozinhos, nunca poderiam completar a Pedra Filosofal, mas juntos, são a chave.

Aos poucos, começam a descobrir que seu nascimento estava previsto em uma antiga profecia, e que o verdadeiro propósito de suas vidas é criar a Pedra Filosofal. Porém, criar a Pedra não é apenas uma tarefa física ou intelectual, requer também um alinhamento perfeito entre seus corações e almas.

Juntos, eles têm uma sinergia poderosa, que os torna influentes mesmo longe dos olhos do reino.

A Profecia:

A profecia, guardada em segredo pelos que doam a vida pelo reino, diz que “do amor proibido e do sangue real dividido, nascerão dois, que juntos realizarão a Grande Obra. Só a união perfeita de alma, mente e espirito forjará a Pedra Filosofal, trazendo imortalidade ao reino ou sua ruína.”

Ambos sabem que o destino do reino, e talvez do mundo, depende do sucesso dessa jornada alquímica. No entanto, o processo não será simples, o caminho para criar a Pedra é repleto de provações emocionais, físicas e espirituais. A harmonia que compartilham será testada por forças internas e externas.

Personagens:

Vanmhor, A filha do rei, com dons herdados de sua mãe curandeira, nascida de um breve, mas intenso romance com o rei. Seu nascimento foi escondido, e sua mãe, uma mulher simples mas conhecedora dos poderosos segredos da natureza e das artes místicas, morreu ao dar à luz, sendo que sua filha herdou talentos ancestrais para as artes curativas. Vanmhor tem habilidades de conexão com os submundos e acrescenta a esse dom de nascença uma  mente voltada para as ciências ocultas e alquímicas, onde encontra grande fascínio pela transformação dos elementos e pelo poder oculto na natureza, desenvolvendo ritualísticas, poções e poderosas artes de cura, que desafiam as leis da ciência e da magia. Ela é uma alquimista nata, com uma filosofia própria e livre. 

Andvinci, nascido de um romance ilícito durante uma crise do reino é filho da rainha com um nobre estudioso. Seu pai, um homem brilhante mas de saúde frágil, deixou o reino antes de Andvinci nascer, sabendo-se mais tarde que terá vindo a falecer 11 dias após o seu nascimento, por tuberculose. Andvinci é um prodígio da música e das artes, capaz de mover corações e mentes com suas criações e artes místicas e musicais. Sua também sede de aprendizado lhe permite descobrir os segredos escondidos nos livros, melodias que influenciam as emoções das pessoas que trazem à tona memórias há muito esquecidas. Suas habilidades intelectuais em decifrar escritos antigos são excepcionais, ele complementa o conhecimento de Vanmhor com uma abordagem mais teórica, buscando entender o cosmos através de fórmulas, cifras e teorias filosóficas.

Clímax:

Na fase final da criação da Pedra Filosofal, eles percebem que o sacrifício necessário não é material, mas emocional e espiritual.

Somente quando ambos aceitam suas vulnerabilidades e se rendem a uma confiança mútua, a Pedra pode finalmente ser completada.

No clímax da história, forças inimigas do reino tentam descobrir a sua e identidade, pois a sua existência representa um perigo. Contudo Os Alquimistas jamais foram descobertos e com eles sempre guardaram os segredos da Alquímia, já que nada é exatamente o que todos esperavam, a Pedra Filosofal não concede apenas poder ou imortalidade, mas revela a verdade mais profunda sobre a natureza humana e o cosmos, transformando não apenas os materiais, mas também as almas daqueles ao seu redor.

Desfecho:

Diz-se que após a criação da Pedra Filosofal, Vanmhor e Andvinci  compreendem que seu destino vai além da simples sobrevivência ou poder. Eles têm em suas mãos a missão de ajudar o povo com suas poções, artefatos de ritualística e com a arte da cura. Essa é a chave para moldar o futuro do reino, mas também entendem que a verdadeira transmutação começa dentro de si mesmos. O destino de ambos é sair das sombras do castelo em profundo sigilo e levar essa nova sabedoria ao mundo, mas sempre cientes de que o equilíbrio e a harmonia entre eles serão fundamentais para manter o poder da Pedra sob controle.

O reino pode mudar para sempre, não pela riqueza ou imortalidade, mas pelo bem estar que lhes é trazido. 

VanMhor, com Nobres e Curandeira conselheira, falando sobre a sua Poção para Viajar no Tempo. Em I Feira Mourisca alusiva á Lenda de Santa Margarida da Coutada, 2024.
Conversa de partilha, na ultima etapa dos estudos da fórmula que se avizinha, se os antigos manuscritos não mentem, romperá o tecido dos anos. Os primeiros vapores da poção quase que dançam sob a luz trêmula das velas, trazendo consigo o aroma metálico. Uma gota de sangue da terra, colhida ao amanhecer, na primeira Feira Mourisca de Santa Margarida da Coutada e segundo dizem os sábios, acrescentei a raiz de mandrágora que colhi sob a ainda lua crescente. O mais delicado dos passos, no entanto, não está nos ingredientes, mas na concentração da mente. Pois viajar no tempo é não apenas mover-se entre os dias, mas permitir que o espírito se liberte dos grilhões que nos prendem ao agora. Esta poção, se perfeita, fará com que o tempo se curve à vontade daquele que ousar prová-la. Mas advirto: nem todos os viajantes retornam de onde foram.

As guildas regulavam a prática de ofícios, treinavam novos membros, e ajudavam a resolver disputas. O termo pode ser usado em contextos históricos para descrever essas associações ou, em uma forma mais geral, para qualquer grupo organizado que compartilha objetivos ou interesses comuns.